domingo, 24 de outubro de 2010

Cabeças pensantes ou alienadas?

Tentamos encontrar definições e títulos para tudo e para todos, o tempo inteiro. Talvez a falta deles nos deixem inseguros, com medo do desconhecido. Bleger, um psicólogo com um olhar institucional muito interessante, fala sobre esse medo que as pessoas têm de modificar o padrão/esteriótipo existente, de como essa mudança causa insegurança, medo, ansiedade, fazendo com que se perpetue as mesmas formas de agir, pensar e fazer, garantindo assim que não haja incerteza, para que se tenha controle sobre tudo. Ele explica muito bem sobre essa questão dentro do ensino e aprendizagem por exemplo, mostrando que nessa dinâmica, existe alguém que ensina e outro que aprende. PONTO. É assim que a sociedade enxerga professor e aluno e o oposto não pode ocorrer na prática, ainda que se tenha conhecimento, tanto teórico como prático, que o inverso também acontece. Essa dissociação não deveria existir, mas isso acarretaria muita ansiedade nas pessoas, abandonaria a conduta esteriotipada que temos sobre esse fenômeno. Porém, sempre há um preço que se paga por escolher essa forma de pensar; se opta por segurança, se bloqueia a transformação. Escolhemos perpetuar certos ciclos de pensamento, também escolhemos ter pessoas alienadas.
Meu tópico não se restringe a falar de ensino e aprendizagem somente, se trata de algo maior; porque as pessoas não se comprometem com um pensar transformador? Porque estamos tão burocratizados, tão alienados da forma como as coisas são, que absorvemos sem crítica, só reproduzindo padrões que a sociedade nos coloca, que nos são passados, por meio de cultura ou ditas culturas, sem sabermos se essa introjeção nos cabe como seres humanos?
Talvez deveríamos entender porque fazemos as coisas desse jeito e não daquele, porque escolhemos nos vestir de tal forma e não de outra, porque nos irritamos tanto com a política, mas não queremos falar e nem entender sobre ela, porque criticamos tanto a religião, sem sequer entender o porque que ela existe e se perpetua por tantos anos, qual é a função social dela... porque precisamos agir de milhares de formas que se mostram automáticas no nosso cotidiano, mas que nem ao menos nos damos conta do porque estamos fazendo isso? São mil questões que quando paramos pra pensar nos damos conta de como somos ALIENADOS!
Gosto de pensar que o desconhecido as vezes nos mostra surpresas boas e que nem tudo precisa ter títulos para nos deixar inseguros. E isso é pra tudo e muitas vezes nem nos damos conta! Uma das minhas aulas tem me revirado a cabeça nesse sentido, tem me feito pensar em muitas questões a respeito de acomodações que fazemos, por medo de mudar, por insegurança de nos expormos como cabeças pensantes de algo diferente, por termos preguiça de transformar velhas e esteriotipadas idéias em idéias novas, idéias inteligentes, idéias revolucionárias.
Quando paramos de criticar? Quando nos acomodamos com a sociedade, com a política, com as relações?
Convido-os a pensar sobre isso, pois ainda não estou certa sobre aonde essa discussão pode me levar. Tenho pensado muito nisso dentro da psicologia, sobre o porque uma abordagem teórica exclui necessariamente outra.... eu estava terminando o meu último tópico, quando li na minha ficha de inscrição a seguinte pergunta: faz terapia na linha teórica que escolheste? hm... legal, eu não faço...! e isso me deixou pensativa... porque deveria fazer? Preciso necessariamente excluir outras formas de pensar do meu entendimento como ser humano, como paciente e como futura psicóloga em formação? Bom, isso já é assunto pra outro tópico, mas fica aqui o meu rascunho de pensamento...
Boa semana!

Um comentário:

  1. Gostei muito do seu blog, Luisa Zamagna Maciel.

    Para uma Zamagna (que em geral não têm nada dentro na cabeça) Maciel (que em geral não têm nem cabelo fora dela), você é um fenômeno!

    Os textos estão tão bons que até erros de concordância tipicamente gaúchos estou tendo dificuldade de encontrar. Tu "está" querendo o quê, tchê???

    Pode deixar que lhe mandarei muitos pacientes!

    Beijão

    P.S.: A propósito, traumatismo craniano causado por bolinha de papel pode causar também problemas psíquicos?...

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